terça-feira, 12 de julho de 2011

O novo perfil do profissional de suprimentos e logística na economia globalizada



O mercado de trabalho reflete as modificações do mundo empresarial. Os cargos e funções devem se adaptar para se manterem vivos. Todos sabemos daqueles cargos que foram engolidos pelo avanço tecnológico. Os mais recentes são digitadores, secretária, telefonista etc. É dentro desse contexto que passarei a enfocar os cargos da área de Suprimentos e Logística.

EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE SUPRIMENTOS E LOGÍSTICA
Uma primeira constatação é que o conceito da função, como é até agora conhecida, sofreu grandes alterações. Todo o conjunto que operava numa mesma fronteira organizacional está agora agrupado em uma nova denominação: gerenciamento da cadeia de suprimentos (também conhecida pela expressão em inglês supply chain management). Outra maneira de se referir à cadeia de suprimentos é como Logística Integrada.

O NOVO CONCEITO
Antes de mais nada, a cadeia de suprimentos é um processo, ou seja, as decisões e ações são tomadas considerando-se o atendimento do objetivo final. Dessa forma, submete funções anteriormente isoladas e estanques à uma mesma orientação. A área funcional da cadeia de suprimentos incorpora todas as funções anteriormente relacionadas com a movimentação de materiais, tanto na entrada da matéria-prima como na saída do produto acabado. Incorpora, ainda, as funções acessórias da área de Produção (administração dos estoques de matéria-prima e material de embalagem, compra e recebimento de matéria-prima e material de embalagem, planejamento e controle da produção) mais as funções acessórias da área Comercial (administração dos estoques de produtos acabados, recebimento e administração dos pedidos de venda, distribuição dos produtos acabados).
Dentro desse novo modelo, temos que tudo que não é especifico da área de produção nem especifico da área de Vendas é pertinente à nova área da Cacdeia de suprimentos. Essa é a evolução do conceito tradicional, onde cada área possuía fatores de desempenho específicos e característicos. O que se espera é que cada elo integrante dessa cadeia alimente o processo com informações e ações, de maneira a se manter a comunicação entre as partes.


AVANÇO TECNOLÓGICO
O que se questiona é o motivo desse novo quadro.
O que mudou no modelo tradicional que justifica o novo?
A resposta não é diferente daquelas externadas pelo economistas sobre o momento atual, que está em todos os jornais e revistas: a popularização do uso dos recursos informáticos e a onda da globalização.
O conceito de popularização dos recursos informáticos incorpora a disseminação do uso de computadores, de equipamentos de transmissão de dados, de novos softwares. Atualmente é obrigação de todo profissional, o conhecimento do novo dialeto mundial, o novo Esperanto: Windows e Internet. De cinco anos para cá, não existe nenhuma empresa, independente de tamanho e conteúdo, que não se utilize de micro-computadores. Cada vez mais, as operações transacionais(Contabilidade, Folha de Pagamento, Cobrança etc) são realizadas através da Informática. E cada vez mais os equipamentos ficam mais potentes, à um custo menor .
Globalização tem a ver com competência: fazer produtos com menor custo possível, pois seus concorrentes podem estar do outro lado da rua ou do outro lado do mundo. E o avanço da Tecnologia da Informação (apelido mais atual da Informática) provoca que produtos iguais tenham processos produtivos com a mesma configuração, fazendo com que os custos de produção sejam equivalentes. Ou seja, o custo de produção não é mais fator de diferenciação e limitação entre os competidores. O desafio passa a ser a Logística, pois o que diferencia a competitividade das empresas é o custo do produto colocado na casa do cliente, e não o custo isolado do produto.
Como os custos de produção são, a grosso modo, os mesmos, e os seus concorrentes podem estar a milhares de quilômetros, a necessidade de sobrevivência das empresas altera, significativamente, a forma de se tratar esses clientes. Se antes o cliente era o rei, agora cada vez mais é soberano e poderoso. Esse ambiente de competição a custos equivalentes exige que as empresas se diferenciem pelos serviços prestados, que até então não eram percebidos, o que no jargão empresarial representa adicionar valor ao pedido do cliente.


REFLEXO NO MERCADO DE TRABALHO
E quem ficou responsável em adicionar valor aos pedidos dos clientes foi a cadeia de suprimentos. A necessidade de sobrevivência das empresas obriga que o seu desenho organizacional seja adaptado à essa nova ordem. A conseqüência maior é a necessidade de adequar o perfil profissional das pessoas que tem a incumbência de tocar esse processo.
Dessa forma, o profissional que cuidava somente da compra de matéria-prima passa a interagir intensamente com o profissional responsável em receber os pedidos dos clientes, juntamente com o profissional que atuava na liberação do produto final. Essa cadeia de suprimentos passa a ser responsável por adicionar valor aos pedidos dos clientes através do embarque do produto correto na embalagem adequada, da emissão da nota fiscal e documento de cobrança precisos (preço e quantidade como contratado) e entregando o produto, conforme requisitado pelo cliente.
O ponto central é que, a medida que a cadeia de suprimentos atua corretamente, a relação cliente/fornecedor passa a qualificar tarefas especificas com esse valor adicionado. Exemplo disso são as entregas just in time que reduzem capital de giro dos clientes além de eliminar controles internos. Logicamente, isso só pode funcionar se houver uma parceria entre cliente e fornecedor e que o fornecedor tenha desenvolvido uma equipe para animar esse processo de atendimento da exigência do cliente, e que essa parceria tenha conseguido credibilidade. Essa parceria cliente/fornecedor reforça o sentimento de fidelidade entre eles restringe a possibilidade de outro fornecedor se instalar.
Dessa maneira, é contornada a ameaça que a globalização e a evolução tecnológica produzem no mercado, criando inúmeras oportunidades de negócios.


O NOVO PERFIL PROFISSIONAL
Essa mudança no ambiente empresarial provoca profundas alterações no perfil desses profissionais. Até agora, eles eram simplesmente cortadores de custo, atuando num sistema puramente transacional. A partir de agora, os profissionais da cadeia de suprimentos são requeridos para atuar com um perfil mais abrangente, maximizando o valor percebido pelo cliente. Educação e Treinamento são cada vez mais cruciais para o sucesso desses profissionais. É importante indicar que está ocorrendo uma mudança no foco de atuação do profissional: antes, o critério de sucesso era individual, agora é coletivo. O que se deverá requerer desse novo profissional?


REQUERIMENTOS GENÉRICOS
Deverá ser exigido que esse profissional vista várias camisas: estrategista, analista, embaixador, líder de time, participante de time e vendedor. O que se espera é que esse novo profissional gaste tanto tempo vendendo como comprando: vendendo internamente para todos os níveis da organização o processo da cadeia de suprimentos e, externamente, aos fornecedores, as oportunidades de negócio, e comprando comprometimento e colaboração. Para atender a esses requerimentos, deve-se possuir um largo espectro profissional, incluindo experiência em negociações internacionais, habilidade analítica e conhecimento de Informática. As novas oportunidades que estão se abrindo exigem dos profissionais, além de experiência básica em negociação, exposição a decisões nas áreas de Tecnologia da Informação, Planejamento e Controle da Produção, Gestão e Controle de Estoques, sensibilidade financeira, formação de custos e ambiente empresarial.


REQUERIMENTOS TÉCNICOS
Os novos profissionais devem ter capacidade de entender e manipular conceitos de Qualidade e Engenharia, visando participação em times multifuncionais. Os programas de desenvolvimento de pessoal podem ensinar técnicas de negociação e comerciais, mas não habilidade técnica.


REQUERIMENTOS DE INFORMÁTICA
Competência em entender e aplicar a mais recente Tecnologia da Informação é outro requerimento fundamental. Os novos profissionais devem compreender como os programas operam e como um sistema de MRP interage com um ERP.


REQUERIMENTOS COMPORTAMENTAIS
Entretanto, não se está buscando experts em computadores, mas sim pessoas com saudável equilíbrio de qualidades interpessoais, com razoável nível cultural e com habilidades técnicas. Outros fatores são também normalmente considerados, tais como senso analítico voltado à detalhes, com uma atitude de prontidão para fazer.
Uma das principais necessidades do novo profissional é, sem sombra de dúvida, a capacidade de trabalhar em times: visão periférica para compreender o papel dos outros integrantes, foco na interatividade e na participação, reconhecimento que o objetivo é maximizar toda a cadeia de suprimentos e não aquele elo onde se atua.


REQUERIMENTOS ESPECÍFICOS
Como as companhias estão se tornando cada vez mais globais, é necessário que a capacidade de negociação dos novos profissionais permita desenvolvimento de alianças com fornecedores estratégicos, onde estes estejam instalados. Alem disso, é essencial acompanhar a evolução do cenário econômico, a fim de buscar novas oportunidades de negócios. Outro ponto importante é ter sido exposto ao mundo real, adquirindo experiência concreta. Não basta ter freqüentado programas de estágio ou trainee.


CONCLUSÃO
O grande desafio de todo profissional diante do mercado de trabalho é manter sua empregabilidade. A evolução tecnológica tem provocado mudanças no comportamento do consumidor, o que tem exigido adaptação do ambiente empresarial. E as novas posturas da relação capital/trabalho, advindas dessa adaptação, requer dos Recursos Humanos um esforço de auto-preservação que deve ser sistematizado pelo equilíbrio entre o ser e o querer.


Luis Mariano de Campos
Consultor Empresarial
Professor universitário
Fone (71) 351 1874
e-mail: lumaca@e-net.com.br

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