Aliás, se a mulher produzida estava naquela sua viagem de férias para a Alemanha, há uma grande chance de seu perfume ter embarcado de Jundiaí. É que desde o fim do ano passado, a Natura, gigante dos cosméticos com sede em Cajamar, transferiu 100% de suas operações comerciais para um centro de distribuição jundiaiense, na rodovia Hermenegildo Tonolli, e ampliou os investimentos que têm dado uma cara mais perfumada para as cifras da região.
Só para se ter uma ideia da dimensão dos negócios da Natura em Jundiaí, dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior apontam que em apenas dois meses de operação, a empresa agregou entre US$ 10 milhões e US$ 50 milhões na balança comercial jundiaiense (o governo federal passa apenas números aproximados nos dados referentes às exportações de empresas).
Além da Natura, a região conta com operações de empresas e marcas para todos os gostos no segmento de cosméticos, como Nivea, Procter & Gamble (dona da Gillette, entre inúmeros nomes conceituados), Avon e a francesa L'Occitane, que planeja aumentar de cara seu faturamento em 30% só com o novo centro de distribuição no entroncamento das rodovias Anhanguera e Dom Gabriel.
“Há várias razões para a transferência de nossa logística para Jundiaí, mas a proximidade com a fábrica (em Cajamar) foi decisivo”, afirma o diretor de inovação e logística da Natura, o espanhol Angel Medeiros.
Gigante
Se a região já apresenta números impressionantes, a nuvem perfumada vai, literalmente, alcançar patamares estratosféricos com a chegada da Belcorp, multinacional peruana que ainda mantém sob sigilo suas operações em Jundiaí, mas já está em fase de contratações de funcionários e tem planos para operar ainda este ano, inclusive, com fabricação e não apenas importação.
“Jundiaí ultimamente concentrou muitas empresas de tecnologia, mas não dá para negar que o investimento neste ramo de cosméticos é considerável também”, analisa o secretário de Desenvolvimento Econômico de Jundiaí, Ari Castro Nunes Filho.
Natura escolhe Jundiaí como ponto de partidaFamosa pelas boas práticas corporativas, a Natura resolveu investir em um projeto de inovação logística e Jundiaí passou a fazer parte de sua história, oficialmente, no fim do ano passado.
“Por isso, este centro de distribuição é importante, já que metade do que produzimos é terceirizado por parceiros da própria região e recebemos esses produtos em Jundiaí”, afirma.
Atualmente, toda a operação comercial da Natura sai de Jundiaí. Só para se ter uma ideia da dimensão, são 60 mil paletes (suportes de madeira) para estocar os cosméticos da empresa no polo logístico na Hermenegildo Tonolli.
Mas esta situação vai mudar e os jundiaienses não serão mais exclusivos nos balanços de fim de ano. O novo modelo logístico da empresa contemplará a abertura de mais centros de distribuição no país – o maior deles será em São Paulo e por razões óbvias. “É o nosso maior mercado. Teremos mais agilidade”, explica Angel.
Segundo o diretor, o operador logístico da empresa em Jundiaí emprega cerca de 300 pessoas e precisa ter práticas corporativas semelhantes à da matriz em Cajamar. Além de pensar sempre nos principais pilares da empresa: pregar sustentabilidade e preservação ambiental.
Na surdina, gigante peruana começa a despertar por aquiO alarme de que a gigante está para chegar a Jundiaí vem sendo dado pelo governo federal, com a publicação de dezenas de páginas com autorização da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em edições dos últimos dois meses do “Diário Oficial da União” para a Belcorp Trading do Brasil Importação e Exportação. E sempre é citado o nome do município.
A empresa se mostrou receosa com o questionamento do BOM DIA sobre os investimentos em Jundiaí, passou a reportagem pelo seu departamento de marketing e uma recém-contratada assessoria de imprensa para dizer que não pode falar sobre os planos no momento.
Mas em recente entrevista para a revista “Cosmética News”, o executivo da empresa, Luis Salcedo, afirmou que a Belcorp está trabalhando intensamente para a entrada no mercado brasileiro ainda neste ano. E que há planos para fabricação também.
O executivo só não citou Jundiaí na entrevista, mas em outubro do ano passado mudou o seu registro na Junta Comercial do Estado para a fabricação de cosméticos, produtos de perfumaria e higiene pessoal e o endereço de sua matriz está registrado para o Distrito Industrial de Jundiaí desde 2008.
Na última entrevista em que falou sobre os investimentos no Brasil, o executivo da Belcorp não afirmou com qual de suas três fortes marcas a empresa planeja entrar no mercado brasileiro, mas a companhia já obteve autorização da Anvisa para produtos L´Bel, Esika e Cy.Zone.
Em seu site, a Belcorp sinaliza a operação brasileira em uma linha do tempo para 2011 e tem feito anúncios de empregos, inclusive em agências de Campinas, para áreas de produção.
A Belcorp é considerada a segunda maior indústria de cosméticos da América Latina e só faltava chegar com força ao Brasil.
Empresa emprega 8 mil pessoas A Belcorp emprega mais de 8 mil funcionários e mantém uma rede com cerca de 850 mil consultoras de vendas espalhadas por 16 países do continente americano
1,4 Bilhão de dólares é o valor estimado em vendas da Belcorp em 2009. E a empresa exporta, inclusive, para os Estados Unidos.
Brasil é maior foco de investimentosDe acordo com recentes anúncios da empresa, o foco principal no momento é o mercado brasileiro. E enquanto ele não estiver em operação e consolidado, a multinacional de origem peruana não planeja iniciar investimentos em nenhum outro novo país.
1968 É o ano de fundação da Belcorp, no Peru.
L'Occitane tem planos ambiciososA francesa L'Occitane, que está com recentes investimentos de logística em Jundiaí, pretende triplicar seu faturamento (de R$ 102 milhões em 2010) em três anos e o número de lojas na mesma dose. Por isso a aposta no centro de distribuição de Jundiaí.
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