sábado, 13 de agosto de 2011
Logística à África é desafio
Empresários da indústria devem elaborar documento com os pleitos do setor para favorecer a rota
O trânsito de produtos do Ceará para o continente africano, bem como o movimento inverso (África-Ceará), ainda não está satisfatoriamente equacionado. A constatação é do superintendente do Centro Internacional de Negócios (CIN) da Fiec (Federação das Indústrias do Estado do Ceará), Eduardo Bezerra Neto, que se dispôs a elaborar um documento contendo a oferta de serviços e os problemas enfrentados por companhias de navegação, tradings, exportadores e autoridades portuárias para o transporte de mercadorias entre os dois destinos. A ideia é apresentar o relatório às autoridades federais e estaduais para "buscar avanços".
A proposta foi apresentada durante o Café Comex - encontro realizado pelo CIN/CE ontem, na Fiec, que reuniu empresas de logística, despachantes aduaneiros, exportadores e outros interessados no comércio entre Ceará e África. A falta de regularidade no envio de mercadorias por parte das empresas locais e o volume reduzido das cargas transportadas entre os dois mercados são alguns dos desafios apontados pelos participantes do encontro.
Movimentação
Ainda incipientes, as exportações cearenses para o mercado africano, entre janeiro e maio deste ano, somaram US$ 11,4 milhões, correspondendo a apenas 2,3% das vendas externas totais do Estado no período. Por outro lado o valor cresceu 44,2% em relação ao acumulado do ano passado, demonstrando existir potencial nas relações comerciais. Dados do CIN apontam que em 2010 a comercialização aos países africanos totalizaram somente US$ 27 milhões.
Desconhecimento
Segundo o consultor do CIN/CE Filipe Braga, muitas empresas cearenses deixam de exportar para a África porque não sabem que existe rota entre os dois mercados ou porque acham que a logística é muito complicada. "O objetivo desse encontro foi exatamente mudar essa visão, mais frequente entre as pequenas e até média empresas, e fomentar as relações comerciais com os africanos", disse.
De acordo com Gary Charles Skinner, coordenador comercial da Hamburg Sud no Ceará, sua companhia realiza semanalmente, todas as quintas-feiras, o transporte de produtos cearenses, saindo do Porto do Pecém para a Costa Oeste da África. "Mas poucos sabem da existência do nosso serviço", observa. "Nosso navio parte com destino a Santos para transbordo. Lá pegamos mais cargas para depois seguirmos ao destino final, na África", explica.
Conforme Gary Charles, mesmo pequenas empresas que só podem exportar um contêiner tem condições de enviá-lo por meio da Hamburg Sud. "Espero que nossa vinda hoje tenha despertado o interesse das pessoas que têm interesse em exportar para a África. Queremos que saibam que é possível alcançar outros continentes".
Pouca carga
O superintendente do CIN/CE afirma reconhecer o empenho das companhias de navegação, porém o grande problema é que o Estado ainda não tem volume suficiente de produtos para justificar a existência de rotas regulares do Pecém aos portos africanos. Uma alternativa viável, segundo ele, seria fazer o transbordo de grandes navios em portos da Europa para navios menores com destino aos países africanos. Para pleitear o apoio das autoridades e promover mudanças, Eduardo Bezerra afirma depender dos empresários do setor "Mandem suas ideias, incluindo as ofertas de serviços e os problemas enfrentados, que reuniremos tudo num documento a ser apresentado à presidência da Fiec, que fará o encaminhamento", reforça.
Fonte: ÂNGELA CAVALCANTE - Diário do Nordeste
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